Aplicativos e pandemia: Mistura difícil
Estudo sobre aplicativos de corrida realizado pelo Observatório Social da Covid-19 da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontou que 36% dos motoristas se afastaram do trabalho por conta da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a pesquisa, que considerou informações do mês de abril deste ano, entre os motoristas de aplicativos que continuaram as suas funções, a média de horas trabalhadas semanalmente caiu de 45 horas para aproximadamente 20 horas.
Os autores do estudo utilizaram informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad-Covid). O trabalho é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Marden Campos, coordenador do Observatório, afirma que a pandemia mostrou a precariedade de trabalho dos motoristas de aplicativos.
“As condições desses trabalhadores são mais precárias porque eles ficam mais expostos. Além disso, há o fato de que os custos do trabalho são totalmente arcados pelos motoristas. O cuidado com carro. E eles ainda têm que ter dinheiro reservado para eventuais afastamentos.”
Os pesquisadores constatam que a renda dos motoristas de aplicativos caiu por conta do novo coronavírus. Em abril, o salário médio desses trabalhadores era 79,8% da renda média de trabalho em todo o País. Mas entre 2015 e 2020, o rendimento médio desses trabalhadores recuou 12%.
Além dos efeitos da pandemia, Marden Campos explica que essa diminuição também se dá por conta do aumento da concorrência entre os aplicativos. Isso faz com que o preço das viagens sejam reduzidos. O objetivo é atrair mais passageiros.
“Eles têm sido forçados a trabalhar cada vez mais, e a concorrência acirrada entre as plataformas têm feito com que os preços das corridas caiam”, afirma.
Motorista de aplicativos reclama
Denis Duarte, motorista de aplicativo em Belo Horizonte, afirma que o novo coronavírus atrapalhou o planejamento financeiro que ele havia feito para este ano. Os seus rendimentos caíram consideravelmente.
“Tive prejuízo com a pandemia. Devido à baixa demanda por corridas, os ganhos que eu havia programado diminuíram cerca de 70%”, diz.
Mas Duarte, que também é secretário geral do Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativo de Minas Gerais (Sicovapp), afirma que a entidade precisou recorrer à justiça para que as plataformas começassem a fornecer itens de segurança.
Porém, a Uber afirma em nota que desde o começo da pandemia tem oferecido itens de segurança aos motoristas e entregadores como álcool em gel e máscaras, e que os trabalhadores que são infectados pelo novo coronavírus recebem uma assistência financeira por até 14 dias.
A 99 também diz que tem oferecido materiais de segurança aos condutores. Entretanto, acrescenta que a pesquisa feita pela UFMG contém informações imprecisas sobre a realidade dos motoristas. Mas as duas empresas alegam que adotam outras medidas para conter o avanço da doença entre os seus parceiros. Elas citam a adoção de regras de higiene durante as viagens.
Fonte: Brasi61