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Histórias da praça

Um caminhoneiro assustado

Meu nome é Ronaldo. Caminhoneiro a anos. E nunca mais dou carona a mulher gostosa na estrada. Passei por um aperto tremendo quando seguia pela BR 101, no Espírito Santo.

Eu vinha do Rio de Janeiro e parei no Posto Carreteiro, perto de Pedro Canário. Fui tomar um banho e comer alguma coisa. Mas eu não iria demorar. 

Saí do banho e fui direto para o salão comer alguma coisa. Quando sentei na mesa, uma morena gostosa, de pele clara e corpo daqueles, surgiu na minha frente. Parecia uma misse.  Não pude deixar de olhar para aquela bunda.

De repente, ela virou e veio em minha direção. Eu até parei de comer, quando vi aqueles olhos me olhando. Parecia que ela queria entrar em mim.

Ela sentou na minha frente e começou a falar.  Era uma voz doce. Tão feminina que me deixou ‘excitadão’

– Moço, estou com um problemão. Será que o senhor pode me ajudar?

– Que senhor que nada – disse eu – meu nome é Ronaldo e te ajudo, sim

– É que meu marido morreu e estou muito sozinha. Preciso ir até a Bahia resolver umas coisas.

– Seu marido morreu quando? Que lugar da Bahia você quer ir? – perguntei logo.

– Tem um ano que o falecido me deixou. Eu vou para Itabatã – disse Carla

A essa altura, eu já estava me sentindo íntimo da mulher. Logo pensei que aquele “avião” devia estar precisando de maior atenção, se é que vocês me entendem. E não perdi tempo:

– Posso te dar uma carona até lá. No caminho, a gente tem uma conversinha – disse eu. 

A viúva olhou para mim, deu um sorriso envergonhado. Parecia que entendia a minha proposta. Abaixou a cabeça e disse um sim, baixinho. E seguimos no meu caminhão.

Sabem como é, não? Um caminhoneiro adora viajar pelas estradas do país, ouvindo música sertaneja e parando em churrascarias para comer uma boa picanha. Conversa vai, conversa vem, começamos a falar de música quando a rádio começou a tocar Marília Mendonça e Luan Santana. Minha carona se animou:

– Ah, adoro essa música. 

– Qual é o nome, disse eu.

– Fantasma

A música falava que o cara era o fantasma do coração da mulher. E que para ser feliz precisa de uma razão, e coisas assim. Aí aproveitei a deixa:

– Seu marido morreu e virou um fantasma. Mas ele não pode mais te fazer feliz agora… aqui… nessa estrada – disse eu.

Ela olhou para mim e eu fiquei ainda mais vidrado naquela boca. Eu estava dirigindo, e não podia tirar os olhos da estrada. Mas dei uma olhada para ela. Não tinha reparado como seus sábios eram vermelhos. Eu via fogo nos olhos dela. Até a pele dela parecia mais vermelha. E me olhou com uma carência danada.

– Moço, meu marido era caminhoneiro. A gente costumava passar por aqui.

– É? me conta. Onde vocês paravam? 

– Tem uma estradinha de terra logo ali na frente. O Jarbas parava lá e me levava. Por isso que gosto dessa música. 

A Carla começou a cantar parte da letra. “Não há razão para não ser feliz. Pra ser feliz, preciso de uma razão” “Quando anoitece lá fora aqui dentro faz tédio. Mesmo tentando fugir…”

Fiquei tão animado que comecei a tentar acompanhar. –  “Não há razão para não ser feliz…” Errava a letra, mas comecei a ficar mais excitado.

Homem quando cai em um rabo de saia não raciocina. Eu perguntei onde ficava a estradinha. Chegamos logo. Foi quando resolvi fazer a viuvinha gostosa reviver os bons tempos, mas não com um fantasma. Mas comigo, de carne e osso.

 Ela aceitou logo. Para mim, ela também estava querendo. Entrei na ruazinha já anoitecendo. Ela foi me guiando até uma casa pobrezinha e com uma cerca.  Parei o carro e dei um beijo nela. Notei que a pele dela estava fria. Aí ela medisse:

– O Jarbas me levava para dentro. A gente ficava ali um pouco.

Quando ela se virou para mim, pude ver os seios dela pelo decote da blusa. Eu me adiantei e ajudei ela a sair do caminhão. E começou o meu tormento.

Fomos conversando e entrando na casa. Ela abriu a porta, que fez um barulho arranhado. A casa estava escura e ela acendeu um lampião. Agarrei a mulher e notei algo estranho. Principalmente quando ela disse 

– Jarbas, querido, chegamos. Trouxe mais um

Tentei dizer que meu nome não era Jarbas, mas nem deu tempo.  Uma luz fraca que entrava pelo teto esburacado mostrou a cara de uma coisa. Era um cadáver de pé. A mulher me agarrou pela frente e a caveira me pegou por trás. Ela dizia

– Mais um pro nosso prazer, querido.

Gritei muito. A mulher tinha uma força grande. E aquela coisa também. Mas como sou grande, consegui me livrar dos dois. Corri, entrei no caminhão e rapei fora.

Dias depois, passei pelo local novamente. Não tinha casa nenhuma, nem mulher, e nem assombração.

Acho que estou trabalhando demais.

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Claudio Rangel

Claudio Rangel é jornalista formado pela Universidade Gama Filho , com pós-graduação em assessoria de Imprensa pela Universidade Estácio de Sá e Gestor Executivo de Cooperativas pela EXECOOP/Sescoop/RJ. Sua atuação como jornalista envolve a administração, reportagens e edição da Folha do Motorista do Rio de Janeiro, jornal especializado para o segmento de táxi, desde 1993. É fundador do Portal Eu, Rio e atualmente integra os quadros da Comunicoop, cooperativa de profissionais de marketing e comunicação.
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